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Atchutchi, Karina Gomes e Dulce Neves
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Atchutchi

24 Junho, 2016 - 11:15 Comentar isto

Atchutchi

Com aquele ar sério e os óculos na ponta do nariz, até podia passar por um professor ou um contabilista à moda antiga da função pública. Mas não é o caso. Atchutchi é mesmo músico e um dos compositores mais carismáticos da Guiné-Bissau. A sua história é longa e confunde-se com o mítico conjunto Super Mama Djombo. Como muitos jovens, começou transformando latas de leite vazías em percussões, juntamente com o primo Albano. Mais tarde, na Escola Técnica, fabricou e electrificou uma guitarra. Na altura, andava a aprender tocar violão com José Cego e até fazia parte de um pequeno conjunto, ao lado de Rui Perdigão e Ramiro.

Pouco depois, Atchutchi parte para Portugal para continuar os estudos. A viagem à antiga metrópole tal como a passagem, mais tarde, por outros territórios vão ter um impacto muito grande na sua formação musical. Nas terras portuguesas, nomeadamente em Évora, evolui no circuito do rock português, em conjuntos como o Topson Group e o Quintetos Zeus. Já a estada em Moçambique, onde chefia uma unidade de forças especiais do exército português, permite-lhe descobrir as músicas da África Austral, Central e Oriental. “Vi espectáculos de grupos sul-africanos, fui até à Suazilândia; mas aqueles que mais me marcaram foram os grupos do Congo (RDC), que descobri na Tanzânia, o grupo tanzaniano Moro Moro Jazz Band e o Okello, do Quénia”, afirma, reconhecendo igualmente a influência do Bembeya Jazz, da Guiné Conacri.

De regresso a Bissau, funda o grupo Jovens em Acção antes de integrar, por pouco tempo, o Nkassa Cobra. Em 1974, Chico Caruca convida-o a juntar-se ao Mama Djombo: Atchutchi vai então reestruturar o grupo, aumentando o número de músicos e apostando na música guineense em detrimento das canções de artistas estrangeiros. “Eu tinha uma moto de marca Java 250 e uma vez por semana ia à tabanca gravar diferentes géneros para futuras composições do grupo.” O talento e a experiência fizeram o resto. “Sou compositor desde 1968. Tenho pouco mais de 300 composições, entre elas bandas originais de filmes e até um ‘jingle’ para anunciar os jogos de futebol na cadeia de televisão portuguesa RTP 1.” A formação e uma vivência das mais variadas explicam essa facilidade de criar: “Além dos estudos em ciências sociais e dialéctica, li bastante e fiz várias coisas: fui marinheiro, trabalhei como apontador na estiva, limpei navios nos estaleiros da Lisnave. Dei muitos passos na vida que me permitem ter uma visão multi-facetada.”

Uma veia criativa que se manifesta sobretudo durante os períodos mais complicados da vida e nos momentos de melancolia. Recorre então à música para ultrapassar as dificuldades do momento. Depois, é tudo uma questão de juntar o texto à melodia ou vice-versa. “Faço sempre os possíveis para que o casamento entre as letras e as melodias seja perfeito. Assim, tenho a certeza que a mensagem é bem recebida.” As canções de Atchutchi trazem textos bastante profundos sobre a realidade da Guiné-Bissau, os seus problemas, as crises, a sua beleza, a sua gente. São alegres ou tristes mas a riqueza das letras é uma constante. Não é por acaso que o próprio José Carlos Schwarz quis gravar “Sin muri gosi”. Conta Atchutchi: “Ele insistiu mas a rivalidade na orquestra não deixou. Mas entre nós, a relação foi sempre excelente. Éramos primos.” Os dois, entre os maiores compositores guineenses, chegaram inclusive a tocar juntos e a formatar algumas ideias em Cuba. “Ele conseguia, em poucas palavras, transmitir ideias fantásticas. Admirava essa sua capacidade”, nota Atchutchi.

V.M.

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