Sambalá Kanuté, a referência mandinga
Nascido no seio de uma família djidiu na região de Bafatá, Sambalá Kanuté revelou os dotes para a música há mais de 30 anos. Tinha oito anos e já tocava guitarra e balafon. “Isso permitiu-me acompanhar o meu irmão Baba e a minha irmã Fatu nas grandes cerimónias tradicionais. Fui-me ambientando com o público e dando mote à criatividade”, lembra. Em 1982, Sambalá cria o Kanuté Kunda, grupo musical do qual faziam parte os irmãos e alguns amigos. “O trabalho em equipa ajudou-me a ganhar experiência e assumir-me como líder da música mandinga a partir dos anos 1990.” Em seguida, o artista envereda por uma carreira a solo, mas continua a participar em projectos musicais com os irmãos ou outros artistas, como o falecido cantor Baciro Dabó.
Impondo-se como um dos melhores intérpretes do estilo mandinga nos anos 1990, Sambala Kanuté vê abertas as portas para a gravação do seu primeiro CD, graças ao apoio do malogrado empresário Tounkara, justamente homenageado neste álbum de estreia. A gravação de “Badin Tonomá” contou com a participação de Kaba Mané e sobretudo de Sékou Diabaté, um dos melhores guitarristas africanos e ex-membro do emblemático Bembeya Jazz, num sinal claro do reconhecimento de Sambala Kanouté pelos seus pares. “O lançamento deste CD foi marcante para a minha carreira. Lembro-me que o centro de espectáculos em S. Denis, coração de Paris, estava repleto de gente. Isso contribuiu para o sucesso deste trabalho discográfico nalgumas capitais europeias, tendo figurado entre os álbuns mais ouvidos.”
Em 2008, 14 anos após a estreia no mercado discográfico, Sambalá, igualmente guitarrista, lançou “Contela”, produzido por Philippe Monteiro. O resultado é um álbum que marca uma abertura na música mandinga guineense em que a acústica e a originalidade deste estilo musical se misturam a géneros modernos, como o zouk, para culminar numa harmonia perfeita.
Hoje, Sambala Kanuté é uma das referências da música guineense, em particular da música mandinga, pela singularidade do seu estilo e pelos textos sobre a união, a paz e a mudança de atitude. “Nós, os djidius, preferimos convencer com argumentos as pessoas a abandonar os maus hábitos. Entendemos que a crítica frontal ou o insulto por vezes conduzem-nos a extremismos e radicalismos. Devemos basear-nos na religião, que, com mensagens suaves e de conselhos, nos apela à adesão e a cultivar dentro de nós o espírito de tolerância, de amor.”
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